As condições climáticas de Colares, tão perto do mar onde os nevoeiros e a fúria dos ventos marítimos carregados de partículas corrosivas de sal e um dos mais baixos índices de insolação estival, tornam a vida difícil às vinhas.
Este é o cenário que forçou o desenvolvimento de uma técnica de cultivo, para obcecadamente lutar contra os elementos, que se foram aperfeiçoando ao longo dos séculos.
Trata-se de uma plantação trabalhosa com a abertura de uma cova que pode ir aos sete metros de profundidade, atravessando a camada de areia até atingir a de argila, onde se introduz o bacelo. Ao longo de mais ou menos 3 a 4 anos, à medida que a nova videira cresce, a areia vai sendo reposta na cova até a planta atingir a superfície do terreno. Aí, videira é conduzida na horizontal rente ao chão de forma a ficar preservada dos ventos nas pequenas parcelas de terra delimitadas por paliçadas de canas secas.
As vinhas mais antigas, de ramos rasteiros alongados perto do chão e sem qualquer tipo de condução que mais parece um polvo do que uma vinha, podem ter mais de 140 anos, e ainda produtivas. Na fase de maturação das uvas, as varas são levantadas da areia cerca de meio metro com a ajuda de canas para que os cachos não fiquem em contato com a areia quente no Verão, que os queimaria.
Pela sua natureza geológica, Colares divide-se em duas sub-zonas correspondentes a dois tipos de solos diferentes: “chão de areia” (área das dunas) perto do mar e “chão rijo” (solos argilo-calcários) localizados na zona mais interior da região.
Os vinhos DOC Colares devem provir dos solos “chão de areia” e serem elaborados a partir de duas castas, a Malvasia de Colares nos brancos e Ramisco nos tintos, ambas até um mínimo de 80%. Castas que até há muito pouco tempo inexistentes em mais nenhuma região vinícola do país.
No entanto, para DOC Colares, é possível incorporar até um máximo de 10% de uvas ou mostos provenientes de vinhas instaladas em “chão rijo”. Nestas vinhas as castas Castelão e Malvasia têm de ter uma representação mínima de 80%.
Os vinhos branco e tinto de Colares são reconhecidos por sua personalidade única, mas requerem um pouco de paciência para atingir sua plenitude. Na juventude, podem apresentar uma certa "dureza" e "aspereza", que só o tempo de envelhecimento pode suavizar e aprimorar.
De acordo com as normas da DOC de Colares, o vinho branco deve passar por um envelhecimento obrigatório de 6 meses em madeira e mais 3 meses em garrafa, enquanto o vinho tinto requer um mínimo de 18 meses de estágio, sendo pelo menos 6 meses em garrafa.
Essa maturação cuidadosa e atenciosa é essencial para desenvolver a complexidade aromática e os sabores requintados que tornam os vinhos de Colares verdadeiramente excepcionais. Portanto, aqueles que apreciam a riqueza e elegância desses vinhos encontrarão sua recompensa ao aguardar pacientemente o tempo necessário para que eles alcancem sua plena expressão.
Os vinhos de Colares são verdadeiramente únicos e oferecem uma experiência enológica que encanta os verdadeiros apreciadores. Com uma história e cultura ricas, a região de Colares traz consigo tradições antigas e técnicas de viticultura que datam de séculos atrás. Essa herança cultural reflete-se nos vinhos, que exalam autenticidade e caráter. E felizmente se vê cada vez mais pessoas a reconhecer a qualidade e a singularidade dos vinhos de Colares.
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