A folia está aí, a mesa está posta, a fumarola e o aroma pairam no ar, aliciando os apreciadores para o ritual anual da sardinha assada ou sardinhada em Portugal.
Considerada como uma verdadeira paixão nacional, em Portugal, a sardinha é um verdadeiro vício para muitos.
Embora possa ser apreciada o ano todo, é no verão que ela ganha protagonismo. Em Junho, nas grandes festas dos santos populares por todo o país, não pode faltar.
A sardinha assada é um marco da cozinha tradicional portuguesa e foi até finalista na eleição das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal na categoria de pratos de peixe.
Os especialistas coincidem que a sardinha realmente boa só aparece em julho e para uma qualidade excelente, é necessário aguardar até agosto ou setembro, quando as sardinhas estão mais saborosas devido à acumulação de gordura rica em ômega-3, ocorrida na época de reprodução, entre outubro e abril.
Essa gordura confere um sabor mais intenso às sardinhas, tornando os meses mais quentes ideais para as apreciar no seu melhor momento.
Com uma pele brilhante, olhos côncavos e transparentes, carne firme e barriga bojuda e uma sugestão a algas, a sardinha é um verdadeiro deleite para os sentidos.
A fama das sardinhas quase rivaliza com a do bacalhau, mas, ao contrário deste, não há inúmeras maneiras de cozinhá-las. Tradicionalmente, são temperadas com sal grosso e assadas diretamente nas brasas.
Assar a sardinha é uma arte que revela a perícia do assador. Virá-la à mão é considerada uma das melhores técnicas, exigindo atenção constante para evitar que o peixe resseque. Batatas ou salada são acompanhamentos perfeitos, e os pimentos assados são uma preferência unânime. A pingar sobre uma fatia de pão é outra das formas mais apreciadas de degustar.
A sardinha é um peixe tradicional em Portugal, consumido em grande escala nos séculos XIX e XX por famílias portuguesas, tanto nas cidades como nas áreas rurais, são tão gostosas como excelentes para a saúde.
Que vinhos para a sardinha?
A sardinha é um alimento conhecido pela sua intensidade de sabor e aroma, dados pelo alto teor de gordura nas suas vísceras, fígado e músculos. Além disso, é uma boa fonte de iodo, que tem o efeito de elevar a dureza dos taninos dos vinhos na boca.
A presença de umami na sardinha, por meio do glutamato e inosinato, intensifica o sabor dos taninos e a acidez dos vinhos. Isso significa que, neste caso, mais umami no alimento, mais frutado e suave o vinho deve ser.
No fundo, harmonizar com a sardinha, é recomendado um vinho com alguma riqueza de fruta, arredondado por algum nível álcool (12,5% -13%) ou açúcares residuais, além de uma acidez fresca e não áspera, que equilibre a gordura presente no peixe. A efervescência também pode ser uma opção a considerar.
Assim, em resumo. Esquecer os tintos poderosos de taninos salientes. Guardá-los para outras ocasiões. Vinhos com vinificação e estágio em madeira, são de evitar.
O sommelier Manuel Moreira recomenda:
Vinhos Tintos
Vinhos tintos jovens, redondos, com foco frutado e servidos em torno de 14ºC ou 13 °C.
Vinhos Roses
Vinhos rosados com boa intensidade de sabor, bem secos ou com ligeiro açúcar residual, funcionam bem entre os 10ºC-12ºC.
Vinhos Brancos
Vinhos brancos de boa fruta, envolventes, ricos de textura e providos de acidez equilibrada, sem madeira, são nossa sugestão. Servidos entre os 10ºC-12ºC.
Outra proposta de sucesso elogiado, são os vinhos vulcânicos dos Açores, com o seu vincado carácter marinho e sapidez mineral. Afinal, a afinidade é óbvia!
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