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Quinta do Rol: Aguardentes de luxo, raridade e excelência. Parte 2

Após conhecermos os detalhes sobre a matéria prima para as aguardentes da Quinta do Rol (Parte 1), prosseguimos no itinerário. Saímos da zona de destilação e passamos a percorrer várias divisões onde repousam inúmeros cascos de madeira e onde é perceptível o aroma típico daquilo que conhecemos como aguardente. Esperemos que os anjos não fiquem aborrecidos se tivermos no olfato com um pouco dessas fragrâncias.

very old wine cellar full of oak barrels in portugal

Afinal, o espaço está impregnado de álcool. Por cautela, o mestre Pedro Corrêa diz que não fica sozinho na cave das aguardentes. Tem sempre alguém por perto.

Vagueamos pelas salas de reduzida luminosidade e ficamos a saber que o material elétrico é todo antideflagrante, específico para ambientes sob perigo de incêndio ou explosão.

Na Quinta do Rol usam quatro tipos distintos de madeira para o envelhecimento das suas aguardentes. O carvalho nacional “enquanto houver, pois dá características muito especial às aguardentes”, diz Pedro Corrêa. Além disso, usam madeira de castanho nacional, Allier e Limousin, com diferentes granulações e tostas médias. Também compram lotes de madeira de Cognac usadas, que são cuidadosamente avaliadas pelo aroma. Ficam apenas as condizentes aos seus padrões, as outras são devolvidas.

Entre madeiras usadas e novas, há ampla variedade e de volumes. Mas, certas aguardentes não teriam os perfumes que têm se não amadurecem em madeiras muito envelhecidas.

very old wine cellar full of oak barrels in portugal

Em stock, terão mais de 150 mil litros, o que equivale a alguns milhões de euros. Parados!

São cerca de 120 mil litros de vinho que todos os anos é destilado e transformado em 10 mil litros de aguardente envelhecida em cascos de carvalho. É preciso nervos de aço e muita paciência! “Basta imaginar que para se produzir aguardente de qualidade é preciso investir todos os anos e esperar pelas primeiras receitas no final de dez a quinze anos!”, dir-nos-á Carlos Melo Ribeiro, o proprietário, mais tarde ao juntar-se a nós.


E com Pedro Corrêa chegamos à sala dos lotes onde a magia acontece. Pedro chama-lhe a “sala da criação”. É aqui onde as aguardentes a engarrafar são construídas. É uma divisão pequena, bem perto de uma porta com acesso para um pátio exterior que ilumina todo o espaço.


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Aqui os recipientes de madeira têm outro formato. Trata-se de uma dúzia de balseiros de 5000 litros onde os lotes vão sendo construídos. É um jogo de paciência, “os lotes levam sete anos para construir!” O tempo é, afinal, um dos segredos das aguardentes da Quinta do Rol. “Tem custos mais elevados, mas a qualidade é recompensada”. As suas aguardentes têm sempre um tempo mínimo de estágio muito superior aos exigidos pela regulamentação.


Os detalhes e variáveis envolvidos são imensos. A “adição de 10 litros de um casco diferente, muda tudo!"

Todo este processo de criação do lote é comparado ao minucioso trabalho de relojoaria, que exige precisão e sensibilidade. Cada aspecto é meticulosamente considerado. Se procuram mais cor, buscam onde está uma aguardente com coloração natural intensa. Caso desejem um toque de caramelo, recorrem à barrica que possa oferecer esse perfil. No fundo é como um artista a selecionar as cores na paleta. A experiência diz-lhes que cerca de 10 a 15 cascos são os pilares para o afinamento do lote. Cada casco é único e traz um caráter singular para o processo. Da destilaria até à garrafa, não há adições externas.

Após o lote feito aguarda-se, no mínimo, um mês, para garantir que todas as notas se fundam e que o casamento das aguardentes é perfeito.

Falta ainda um passo essencial e decisivo no processo, conhecido como adelgaçamento, que consiste em reduzir o teor alcoólico das aguardentes. As aguardentes da Quinta do Rol possuem um álcool a 47%, e é necessário "desdobrá-las" até atingirem o teor de 39,5% de álcool. Este é o valor que consideram ideal para atingir a suavidade desejada para as suas aguardentes.


De acordo com Pedro Corrêa, existem diversas abordagens para o adelgaçamento. A Quinta do Rol opta pela tradição seguida em Cognac, onde se faz o adelgaçamento já no lote final. Processo cuidadosamente realizado nos balseiros, onde água medicinal 100% desmineralizada e desionizada é adicionada, de forma gradual e delicada, até atingir o teor desejado de 39,5%. Operação feita ao longo de um mês, para evitar a turvação das aguardentes.


Por tudo isto, e ao contrário do que é comum se ouvir, Pedro Corrêa diz que a aguardente é um produto muito vivo, “pela sua naturalidade, as aguardentes Quinta do Rol, envelhecem dentro da garrafa, e vão evoluindo permanentemente.”


Beber uma grande aguardente vínica envelhecida é uma experiência verdadeiramente excepcional. A cada gole, é possível sentir toda a riqueza e complexidade de aromas e sabores que se desenvolvem ao longo de anos de envelhecimento em madeiras. Cada gole é como embarcar em uma viagem sensorial, onde somos transportados à origem, à tradição e podemos sentir a maestria dos artesãos que a criam. E, sem dúvida, as aguardentes da Quinta do Rol estão entre aquelas que proporcionam essa maravilhosa experiência!


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