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Quinta do Rol: Aguardentes de luxo, raridade e excelência. Parte 1

Atualizado: 21 de set. de 2023

Desde o início, a Quinta do Rol situada na região vitivinícola de Lisboa, mais precisamente na Lourinhã, tem-se destacado na procura incessante de fazer a diferença através da excelência dos seus produtos, sendo amplamente reconhecida pelas suas aguardentes vínicas de alta qualidade. Com elas, ocupa posição de destaque no segmento de nicho, raridade e luxo, que é o mercado das aguardentes vínicas muito velhas.

Fomos conhecer o que as faz destacar como uma das melhores aguardentes do país.

Quem nos guia é Pedro Ribeiro Corrêa. É ele o especialista em destilação e envelhecimento de aguardentes e que está desde 1995 na Quinta do Rol quando Carlos Melo Ribeiro assumiu os destinos desta propriedade familiar, que herdou do pai.


A primeira decisão do Carlos foi acabar com o negócio de volume e do granel, e apostar na exclusividade do mercado das aguardentes vínicas velhas. O momento era perfeito, já que em 1992 a Lourinhã tornou-se região demarcada para aguardente. E além disso, possuía a única destilaria da zona.


Ao entrar na destilaria, somos apresentados aos alambiques. O primeiro é de destilação contínua, caracterizado pela sua coluna longa, acompanhado de duas construções quadrangulares em tom de tijolo. Em contraste, o segundo alambique é mais baixo e largo, destacando-se na parte superior uma forma de cebola em cobre, da qual se estende um tubo curvado em formato de cisne. Este segundo alambique é conhecido como alambique Charentais, típico de Cognac.


E, num ápice, do mais comprido vimos fumaça no ar e na parte de baixo, num nicho do alambique protegido por portas de um metal a lembrar ferro, brilhavam as cores laranja e vermelho das pequenas labaredas atiçadas.


Havia forte agitação ao seu redor, o que para nosso contentamento, queria dizer que o alambique estava a laborar. E para o confirmar, do lado direito, de uma torneirinha via-se o líquido translúcido a correr para um recipiente de metal. Era a aguardente “fresca” acabadinha de fazer.


Insaciáveis na curiosidade e com a devida autorização, lá aproximamos o nariz para sentir a que cheirava. O aroma, descontado o álcool, era subtil, muito limpo e delicado, com sensações a fruta de caroço, funcho e algo a lembrar pêra.

Os vários níveis de qualidade do destilado são decididos por Pedro Corrêa através de prova organoléptica à saída do alambique.

O álcool que considera de “primeira qualidade”, que será DOC Lourinhã, poderá ou irá mesmo envelhecer. O de “segunda categoria, é tão bom ou melhor que muitos dos que andam por aí”, assegura-nos.


Aqui a aguardente tem um estatuto especial. É encarada como produto de luxo e tem de estar no nível das melhores, é essa a bitola, por isso nada é deixado ao acaso. E tudo é planificado especificamente para a aguardente. Da vinha ao produto final acabado.

Por exemplo, há castas cultivadas e conduzidas com o propósito único de produzir vinhos específicos para a aguardente. E o clima local, da Lourinhã, também ajuda. A pouca insolação e a humidade permanente favorecem a elaboração de vinho muito ácido (10 – 12 gr/litro), áspero, de pH baixo e baixa graduação alcoólica, ideais quando o destino é a destilação.


O Mestre Pedro Ribeiro Corrêa
O Mestre Pedro Ribeiro Corrêa

Além disso, essas uvas específicas como a Tália (conhecida como Ugni Blanc em Cognac), Malvasia Fina e Alicante Branco, têm prioridade sobre qualquer outra cultura agrícola na propriedade. Se necessário, a colheita da fruta (por exemplo a Pêra Rocha do Oeste DOP e Maçã de Alcobaça IGP) é interrompida para vindimar a uva no ponto de maturação ideal. Dos cerca de 30 hectares de vinha, metade é cultivada com uvas destinadas a aguardente.


Nuno Martins da Silva, o enólogo responsável pelos restantes vinhos e espumantes, partilha connosco que a vinificação de vinhos para aguardente é também muito específica. Por exemplo, usa leveduras indígenas e evita o uso de sulfitos, inspirando-o em diversos aspectos na elaboração dos outros vinhos. Falaremos mais sobre os (fantásticos) vinhos espumantes da Quinta do Rol num próximo post. Fique atento!


Sommelier Manuel Moreira tasting aguardentes at Quinta do Rol, Portugal

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