Desde o início, a Quinta do Rol situada na região vitivinícola de Lisboa, mais precisamente na Lourinhã, tem-se destacado na procura incessante de fazer a diferença através da excelência dos seus produtos, sendo amplamente reconhecida pelas suas aguardentes vínicas de alta qualidade. Com elas, ocupa posição de destaque no segmento de nicho, raridade e luxo, que é o mercado das aguardentes vínicas muito velhas.
Fomos conhecer o que as faz destacar como uma das melhores aguardentes do país.
Quem nos guia é Pedro Ribeiro Corrêa. É ele o especialista em destilação e envelhecimento de aguardentes e que está desde 1995 na Quinta do Rol quando Carlos Melo Ribeiro assumiu os destinos desta propriedade familiar, que herdou do pai.
A primeira decisão do Carlos foi acabar com o negócio de volume e do granel, e apostar na exclusividade do mercado das aguardentes vínicas velhas. O momento era perfeito, já que em 1992 a Lourinhã tornou-se região demarcada para aguardente. E além disso, possuía a única destilaria da zona.
Ao entrar na destilaria, somos apresentados aos alambiques. O primeiro é de destilação contínua, caracterizado pela sua coluna longa, acompanhado de duas construções quadrangulares em tom de tijolo. Em contraste, o segundo alambique é mais baixo e largo, destacando-se na parte superior uma forma de cebola em cobre, da qual se estende um tubo curvado em formato de cisne. Este segundo alambique é conhecido como alambique Charentais, típico de Cognac.
E, num ápice, do mais comprido vimos fumaça no ar e na parte de baixo, num nicho do alambique protegido por portas de um metal a lembrar ferro, brilhavam as cores laranja e vermelho das pequenas labaredas atiçadas.
Havia forte agitação ao seu redor, o que para nosso contentamento, queria dizer que o alambique estava a laborar. E para o confirmar, do lado direito, de uma torneirinha via-se o líquido translúcido a correr para um recipiente de metal. Era a aguardente “fresca” acabadinha de fazer.
Insaciáveis na curiosidade e com a devida autorização, lá aproximamos o nariz para sentir a que cheirava. O aroma, descontado o álcool, era subtil, muito limpo e delicado, com sensações a fruta de caroço, funcho e algo a lembrar pêra.
Os vários níveis de qualidade do destilado são decididos por Pedro Corrêa através de prova organoléptica à saída do alambique.
O álcool que considera de “primeira qualidade”, que será DOC Lourinhã, poderá ou irá mesmo envelhecer. O de “segunda categoria, é tão bom ou melhor que muitos dos que andam por aí”, assegura-nos.
Aqui a aguardente tem um estatuto especial. É encarada como produto de luxo e tem de estar no nível das melhores, é essa a bitola, por isso nada é deixado ao acaso. E tudo é planificado especificamente para a aguardente. Da vinha ao produto final acabado.
Por exemplo, há castas cultivadas e conduzidas com o propósito único de produzir vinhos específicos para a aguardente. E o clima local, da Lourinhã, também ajuda. A pouca insolação e a humidade permanente favorecem a elaboração de vinho muito ácido (10 – 12 gr/litro), áspero, de pH baixo e baixa graduação alcoólica, ideais quando o destino é a destilação.
Além disso, essas uvas específicas como a Tália (conhecida como Ugni Blanc em Cognac), Malvasia Fina e Alicante Branco, têm prioridade sobre qualquer outra cultura agrícola na propriedade. Se necessário, a colheita da fruta (por exemplo a Pêra Rocha do Oeste DOP e Maçã de Alcobaça IGP) é interrompida para vindimar a uva no ponto de maturação ideal. Dos cerca de 30 hectares de vinha, metade é cultivada com uvas destinadas a aguardente.
Nuno Martins da Silva, o enólogo responsável pelos restantes vinhos e espumantes, partilha connosco que a vinificação de vinhos para aguardente é também muito específica. Por exemplo, usa leveduras indígenas e evita o uso de sulfitos, inspirando-o em diversos aspectos na elaboração dos outros vinhos. Falaremos mais sobre os (fantásticos) vinhos espumantes da Quinta do Rol num próximo post. Fique atento!
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