A ciência e a tecnologia perderam Luís Gomes para o mundo do vinho. Uma paixão avassaladora o levou a criar o seu. Escolheu a Bairrada, que acredita que é uma das melhores regiões do mundo para a elaboração de vinhos de alta qualidade. Sendo um cientista, sua paixão não o impede de ser racional. Assim, decidiu voltar para a escola. Após concluir um MBA em gestão e marketing, Luis obteve o título de mestre em Viticultura e Enologia no Instituto Superior de Agronomia. E porque o mundo do vinho não se resume a Portugal, tornou-se DipWSET, na Wine & Spirits Education Trust.
Armado com todo esse conhecimento, deu vida à marca Giz by Luís Gomes. O nome Giz é uma homenagem aos solos argilo-calcários da região, enaltecendo as vinhas antigas, autóctones, onde as castas Baga, Maria Gomes e Bical predominam.
Em pouco tempo, os vinhos Giz ganharam reconhecimento pela elegância e personalidade, respeitando a identidade da região e a essência das castas que os compõem.
Conheça um pouco mais sobre Luís Gomes através destas dez perguntas:
Alguma vez encontraste inspiração para um vinho num sonho?
Mais do que num sonho, talvez numa viagem de sonho, à Borgonha, onde decidi que iria tentar fazer o melhor Pinot Noir fora daquela região. E assim foi, uvas vindimadas em Agosto de 2022, em solos calcários com forte influência atlântica, com 18 meses de estágio numa barrica de 500l, agora engarrafado e com previsão de lançamento no Outono deste ano. Espero conseguir o objetivo a que me propus!
Como enólogo, qual é a relação entre o vinho, a arte e a tecnologia?
O vinho é de facto uma harmonia entre a arte e a ciência, onde procuro dar asas à minha imaginação, puxando pela minha veia artística, mas sem nunca perder a minha costela de cientista, pois acredito que o conhecimento é a base de tudo, e o vinho não foge à regra.
Qual foi o enólogo que mais te influenciou?
Difícil elencar só um, mas pessoas como João Soares, Mário Sérgio, José Carvalheira, Raquel Carvalho e Luís Pato, tiveram bastante influência naquilo que sou hoje enquanto produtor de vinho na Bairrada.
Há algum vinho em particular que gostarias de ter feito?
Um Barolo! Já fiz alguns Bairrada e uma espécie de Borgonha”, só falta o Barolo para ficar com a tríade de luxo completa.
Os escritores sofrem de bloqueio de escritor. Os enólogos também sofrem de bloqueio de enólogo?
Muitos risos. Verdade que, com a vontade de fazer muitas coisas, com tantas castas fantásticas em outras tantas regiões fascinantes, por vezes bloqueamos. Mas sem dúvida que mais é menos.
Para já, embora sem perder a minha veia experimentalista, quero focar-me e continuar a trabalhar para ser reconhecido como um dos grandes produtores que passou pela Bairrada enquanto guardião da baga e das suas vinhas centenárias.
Para além da sua equipa, quem é a primeira pessoa com quem partilhas um lote acabado?
O lote, até à data, tem sido a parte mais fácil do processo porque tenho-o feito na vinha. Um lote de castas autóctones com predominância da baga, maria gomes e bical, e, por norma, não tenho muita pressa em provar um vinho engarrafado porque sei que o tempo é peça chave no projeto giz. Mas os amigos enófilos são sempre os primeiros a fazê-lo!
Se pudesse dar um conselho ao teu eu de 20 anos, o que dirias?
Investe muito em vinhos de Baga na Bairrada que vão dar que falar!
Qual foi o último vinho que o fez dizer wow!!!!?
Vinha das Cavaleiras 2020. Um portento, com tudo na escala máxima (acidez, álcool, tanino, concentração de fruta) mas tudo muito integrado e balanceado, e sem perder a elegância, o detalhe e a finesse que caracterizam os vinhos Giz, com um potencial de guarda inimaginável.
Qual é a tua coisa favorita no mundo do vinho?
O fascínio e a descoberta aquando a abertura de uma garrafa de vinho, imaginando todas as fases, dificuldades e alegrias, pelo que o vinho e o seus atores passaram.
Como definirias o teu estilo pessoal?
O meu estilo pessoal de vinho reúne características como autenticidade, singularidade, frescura e elegância, mas simultaneamente com muita tensão e “vibrância”, capazes de dar luta aos pratos mais desafiantes para harmonização.
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