António Marques da Cruz (Quinta da Serradinha) e Tiago Teles juntaram-se para um projeto de viticultura e vinificação. Iniciado em 2015, tentaram recuperar a "Vila Nova", uma vinha antiga da casta Baga na Quinta dos Cozinheiros situada na Figueira da Foz.
COZs, é o diminutivo de cozinheiros que remete ao começo do trabalho em conjunto na Quinta dos Cozinheiros.
A partir desse ano vieram para sul, para a Serra de Montejunto, 60 km a norte da capital, na região vitivinícola de Lisboa, onde começam a trabalhar a casta Vital com idades entre os 30 e os 50 anos, dispersa por sete parcelas, situadas entre os 200 e os 300 metros de altitude em solos de calcários. Vinhas em agricultura biológica a 15 km do oceano Atlântico. O objetivo principal é tentar recuperar a casta Vital dessas vinhas antigas e abandonadas, e preservar esse património genético.
Desde 2018, vinificam a casta Vital, na Quinta do Olival da Murta, em espaço cedido, juntamente com a casta Arinto e a tinta Castelão plantados ao redor da adega.
O seu conceito é o de tentar fazer “vinhos de geografia”, vindimar as uvas no “ponto ideal de maturação e com cuidado e alguma simplicidade, tentando garantir que essa identidade vai para o copo”.
A Vital está bem adaptada à Serra do Montejunto. O clima na serra é algo extremado, muito fustigada pelos ventos e essa é uma das razões pela qual a Vital aí reside. É uma videira em que as varas aguentam bem o vento forte e não se partem facilmente. Ao mesmo tempo, é a casta que mais põe à prova as capacidades de António e Tiago, pois as várias orientações das parcelas obrigam a que a vindima seja feita em momentos distintos. Mas isso não os demove. Bem pelo contrário. Aproveitam para mostrar essa diferença com dois vinhos de Vital de acordo com as particularidades dadas pelo posicionamento das parcelas. Vital não é casta impositiva, “não tem aromas e sabores muito reconhecíveis, gosta de conduzir o sítio onde está”.
Assim as abreviaturas, vp, vo, vm, são o nome de cada uma das parcelas de onde vêm as uvas.
O COZs vp Vital 2021, nasce na Vinha da Pena, primeira vinha de António e Tiago no Montejunto. Encontra-se orientada a Noroeste, com noites frescas e dias de Verão relativamente frescos, em solos argilo-calcários. Na adega a casta é sujeita a uma maceração de poucos dias em lagar aberto, fermentada em barricas de 228 litros, onde estagia por um ano.
O COZs vo Vital 2021 vem da Vinha do Outeiro, desta feita com exposição sul o que a faz amadurecer mais cedo e a primeira a vindimar. Maceração mais longa que o Vp, Vital fermentada com leveduras indígenas em dornas de 1000 litros e estagia em barris velhos da Borgonha durante 11 meses.
O Coz vm Castelão 2021, provém da Qta do Olival da Murta, de uma parcela que é sempre a última a ser vindimada devido à dificuldade de amadurecimento do tanino. Fermentado com leveduras indígenas em tanques de 1.000 litros e estagiado em barris de madeira usada durante 11 meses. Nenhum dos vinhos é filtrado, clarificado ou adicionado de enxofre.
Para António e Tiago, o fundamental é o compromisso com a busca da qualidade e do sentido do lugar, marcado pela elegância e simplicidade.
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