top of page

Colares, uma história vinícola de prestígio e longevidade.

Situada no sopé da Serra de Sintra e muito próximo do mar, a vila de Colares dá o nome a uma pequeníssima e antiga zona vitícola, verdadeiramente singular.


A 25 km da cidade de Lisboa, com vinhas situadas a curta distância do Atlântico (0,5 a 3 km), a oeste “…onde a terra acaba e o mar começa…”, o que faz de Colares a denominação de origem mais ocidental da Europa continental, inserida na região de Lisboa. É das mais pequenas DO em Portugal com menos de 20 hectares de vinha.


Casal Santa Maria winery in Colares, Portugal

Já desde 1147, a vila de Colares gozava de grande importância e numerosos documentos atestam a presença de vinha na região. Ao longo dos séculos, o seu prestígio “vínico” foi sempre distinguido pelas mais altas personalidades da história de Portugal. No século XVI, o vinho de Colares era um dos favoritos nas embarcações que viajavam pelo mundo devido à sua longevidade e eventual capacidade de resistir às longas viagens. A quantidade de vinho produzido era tal que conseguia matar a sede do mercado.


Casal Santa Maria winery in Colares, Portugal

No século XIX, a sua qualidade continuaria a ser reconhecida pelos mais conhecedores, nos quais se inclui Mestre Ferreira Lapa reconhecido agrónomo, professor e investigador da área agrícola que fazia sobre os vinhos de Colares comentários, elogiosos e mesmo originais, tais como “a altitude e a proximidade do oceano dão a Colares o frio e a humidade do Minho”, e que os seus vinhos se posicionavam entre os vinhos “maduros” e os “vinhos verdes”. Possuiriam a suavidade dos primeiros e a frescura e vivacidade dos segundos, de acordo com o livro “O Grande Livro do Vinho” do autor J. Duarte Amaral.

“O Colares é um vinho que possui todos os requisitos e qualidades dos vinhos tintos do Médoc, em Bordeaux. É o vinho mais francês que possuímos.” Mestre Ferreira Lapa
Casal Santa Maria winery in Colares, Portugal

A notoriedade dos vinhos de Colares está intrinsecamente ligada à casta tinta Ramisco que se pensa ter sido introduzida na região no século XIII, por ordem do rei D. Afonso III, possivelmente trazida de França.


O século XIX foi uma época recheada de ocorrências, algumas conduziram os vinhos e a região de Colares a uma época de grande fôlego após a chegada da filoxera a Portugal, (por volta de 1865), a praga que devastou grande parte dos vinhedos do país. Essa devastação não afetaria Colares. As vinhas plantadas em chão de areia de Colares mostraram resistência à filoxera, impulsionando a viticultura na região, não tendo necessidade de recorrer aos porta-enxertos que socorreram as vides.

E porquê? Porque o insecto não consegue atingir as raízes das videiras devido à profundidade a que estas são plantadas. Ou seja, há uma enorme camada de areia existente entre a superfície e o barro onde se encontram as raízes. Ainda hoje, as vinhas de areia da região são todas de "pé-franco" garantindo “pureza” genética das suas castas pois não utiliza porta-enxertos de Vitis americana para controlar a filoxera.

No início do século XX, em 1908, o rei D. Manuel II conferiu a Colares o estatuto de Região Demarcada, legitimando sua importância na produção de vinho, que à época possuía dois mil hectares de vinhas.


Mais tarde, com o restabelecimento das outras regiões após a filoxera, o cessar do mercado do Brasil, a pressão “urbanística” e turística, os dolorosos custos de cultura da vinha, as baixas produções, a exigência de mão de obra, o tempo de envelhecimento necessário aos vinhos, as variações na qualidade das colheitas devido ao clima, reduziria a área de vinha a pouquíssimos a hectares.


Quinta Vale da Roca winery in Colares, Portugal

Felizmente, hoje assiste-te a um renovado interesse para com o vinho de Colares e ao investimento por parte de novos empreendedores que têm ajudado a colocar a região e os vinhos na boca e no copo de apreciadores que lhe reconhecem a diferença.


Comments


bottom of page