As mais antigas referências à Alvarinho datam dos finais do séc. XVIII. Já lhe era reconhecida qualidade, mas bem menos relevante na comparação com o vinho tinto na região. A sua origem continua incerta. Se é portuguesa ou espanhola, não se sabe. A sua genética diz que é muito provável ser autóctone do vale do Minho.
Esteve encoberta e subjugada aos tintos, depois pouco popular, mas fidalga, hoje uma coqueluche que dá cartaz.
No começo do século XX, ainda era o tempo de tintos em Monção e Melgaço. Ninguém falava ou se interessava por variedades de uva. Vinho engarrafado ou de marca, eram raros e um luxo.
Contudo, o Alvarinho já dava fama aos vinhos brancos da região. Dava pouca uva e fazia pouco vinho. O bago é pequeno, várias grainhas, a película é espessa e dá pouco sumo. Era caro o seu vinho. Ter Alvarinho à mesa, tornava-se luxo que só as famílias abonadas poderiam ter à mesa. Era vinho de ocasião especial.
Aos poucos, o interesse aumentava e principiava o despertar para a casta. Nos anos 20 do século XX, nasciam as marcas pioneiras com Alvarinho no rótulo, Casa de Rodas e Cêpa Velha.
Na região, o seu corpo, por vezes com 13,5% de álcool, já o destacava dos demais. Até aos anos 1960’s, o Alvarinho ainda era segredo de elevado estatuto entre a fidalguia do norte remoto.
Enfeitiçada pelo Alvarinho e cheia de arrojo, a senhora Hermínia País, uma dessas figuras ilustres de Monção e herdeira do Palácio da Brejoeira, decidiu em 1964 plantar a primeira vinha contínua de Alvarinho. Em 1976, nasce o primeiro Palácio da Brejoeira Alvarinho e logo se torna um sucesso comercial, um dos vinhos mais cobiçados e caros em Portugal. O incentivo para outros produtores estava dado. Nos anos 1980, mais produtores avançaram para Alvarinho com marca própria. Soalheiro em 1982 (a primeira em Melgaço), Portal do Fidalgo (Provam) em 1994, e Anselmo Mendes em 1998.
Nos últimos 30 anos o Alvarinho foi angariando prestígio, interesse, tem sido alvo de experimentação e ensaios. A criatividade de muitos enólogos tem revelado muitas novas expressões da casta. Trabalhada com inox, barrica, foudre, cimento, com borras, maceração, em versão espumante, aguardente, pét-nat ou late-havest, algumas das suas inúmeras manifestações. A busca pelo entendimento dos seus terroirs, tem-na levado a ser vinificada de acordo com a origem do solo, da altitude, do maior ou menor declive, etc.
As suas justificadas virtudes têm-na levado para outras regiões em Portugal. Em blend, empresta o seu perfume e frescura. A solo, deixa à vista as nuances que cada local lhe imprime, sem deixar de mostrar muito da sua personalidade. Faz parte do top 5 das castas brancas mais plantadas em Portugal. Porém, continua a ser em Monção e Melgaço onde o seu temperamento é realmente distintivo.
Tem capacidade de produzir vinhos de bom teor alcoólico,(12,5%-13,5%) a que junta a elevada e firme acidez. No aroma tem um dos seus grandes encantos. Tangerina, laranja e toranja, na família dos citrinos. Algum tropical, assim como maçã verde e pêssego, flor de laranjeira, tília e acácia como floral. A pederneira e algum grafite, podem surgir nas versões de Alvarinho menos exuberantes, cada vez mais frequentes. A avelã, noz e o mel aparecem com o estágio em madeira. O sabor é complexo, harmonioso, encorpado, persistente e pleno de frescura.
A somar a isto tudo, os vinhos de Alvarinho, nos melhores casos, demonstram notável capacidade de envelhecimento, não sendo incomum encontrar vinhos com duas décadas em excelente forma.
Os vinhos de Alvarinho arrebataram os mais exigentes enófilos por todo o lado. É uma casta de grande qualidade e que ainda tem muito para demonstrar. Dê uma volta a Portugal e descubra a variedade de propostas de Alvarinho
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