Nunca outro português esteve tão próximo de se tornar Master of Wine (MW).
Tiago Macena com toda a sua força de vontade, persistência e foco está a um passo de conseguir esse almejado estatuto de MW. Tiago é enólogo com experiência profissional em várias casas de referência (Alorna, Global Wines, Adega Cooperativa de Cantanhede). Atualmente lidera a enologia em projetos por várias regiões nacionais.
Alguma vez encontraste inspiração para um vinho num sonho?
Num sonho, não! Na vinha, na adega, numa conversa com um colega, aí sim tenho inspiração e discuto/converso frequentemente sobre novos rumos a seguir.
Como enólogo, qual é a relação entre o vinho, a arte e a tecnologia?
Como enólogo, encontro-me no centro de um triunvirato que referes, mas substituo o vinho pela vinha. Ou seja, da vinha, e respectivas uvas, fundamentado em empirismo artístico e em ciência (tecnologia), faz-se o vinho! Fui claro?
Qual foi o enólogo que mais te influenciou?
Não tenho um, tenho vários, quer aqueles com quem trabalhei directamente, quer outros dos quais sou consumidor. Como enófilo, que sou antes de enólogo, procuro provar e estudar o mais possível. Pelo que as influências são várias.
Há algum vinho em particular que gostarias de ter feito?
Não. Há felizmente muitos vinhos a fazer! Olho sempre para o copo meio cheio, o futuro está à frente. Atrás, do passado, vem a experiência!
Os escritores sofrem de bloqueio de escritor. Os enólogos também sofrem de bloqueio de enólogo?
Desconheço… o meu bloqueio talvez seja o nariz entupido, mas esse é operacional e resolve-se (relativamente) fácil. Bloqueio criativo, não, nada…
Para além da sua equipa, quem é a primeira pessoa com quem partilhas um lote acabado?
Com a minha mulher, uma provadora eximia, super crítica e justa nas observações que faz. Pelo que, a Ana, prova tudo o que tenho feito.
Se pudesse dar um conselho ao teu eu de 20 anos, o que dirias?
“Enjoy the ride”. Não me diria nada. Sou o que sou, pelo acumulado de sucessos e falhanços. Assim como também não quero conselhos de um eu mais velho. Sou o que sou, com o que conheço hoje.
Qual foi o último vinho que o fez dizer WOW!!?
Excelente pergunta… nem todos os WOW’s são de provar vinhos fantásticos, muitos são da surpresa que nos causam vinhos “mortais”. Provar um Antão Vaz da Vidigueira, faz-me fazer WOW!, pelo equilíbrio da frescura e da fruta madura. Provar um grande Porto ou um Madeira, esses sim são os WOW’s mais icónicos. Mas também faço WOW com vinhos simples bebidos em boa companhia que nos sabem bem naquele momento 😉
Qual é a tua coisa favorita no mundo do vinho?
A partilha de conhecimento, e a constante necessidade de aprofundar o que sabemos, porque todos os anos vitícolas são diferentes, porque os mercados e os gostos evoluem. Essa constante mudança, exige de mim, um contínuo de estudo que me fascina.
O que vais beber quando receberes o título MW?
Água fresca, que sei que vou ficar muito emocionado. Já tive a amostra, ao receber a notícia (há muito aguardada) de ter passado no exame prático… Depois com mais calma, sem dúvida um espumante de método clássico, com muito tempo de cave! Primeiro um nacional, depois um Champagne… Já sabes…”no pain, no Champagne”
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